Escritório Virtual – Boletim Fevereiro 2021

Um Centro novo (de novo)

 


Frase do mes

Fique em casa                Quédate en casa            Stay home

Restez chez vous          Stare a casa                     呆在家里

                          家にいる                     Остаться дома


 

Toda a cidade é como um ser vivo. Ela surge, se desenvolve e precisa estar em transformação constante, adaptando-se às mudanças políticas, econômicas e tecnológicas, ou irá perecer.

O Rio começou como um pequeno povoado, criado para guarnecer a Baía de Guanabara de invasores franceses. Durante os 3 primeiros séculos de vida cresceu lentamente, ao sabor dos interesses de Portugal nos produtos da colônia brasileira que movimentavam o porto da cidade.

A primeira grande mudança foi provocada novamente pela França. Desta vez não eram piratas, mas um general ousado e ambicioso. Napoleão já havia invadido vários países europeus quando, em 1808, a Corte Portuguesa decidiu que, melhor do que enfrentar o poderoso exército francês, mais valia atravessar o oceano para bem longe dos campos de batalha. Aqui chegando, encontraram uma cidade despreparada para acolher os 15.000 nobres e seus servos. Em alguns anos, importantes reformas transformaram a cidade em uma capital mais adequada aos padrões europeus. A independência consolidou esse processo, convertendo o Rio de Janeiro, sede do Império, na maior cidade brasileira e uma das mais importantes do continente.

O crescimento desordenado após a Guerra do Paraguai aos poucos fez do Rio uma metrópole insalubre, a ponto de, em fins do século XIX, navios estrangeiros evitarem o porto carioca pelo temor da varíola e da febre amarela. Nova metamorfose teve lugar, sob a liderança do então prefeito Pereira Passos, com inspiração francesa, desta feita positiva: demolições e obras em larga escala implantaram largas avenidas arborizadas e prédios públicos que em tudo lembravam os boulervards parisienses. E o cientista e sanitarista Oswaldo Cruz, com uma agressiva e eficaz campanha de limpeza das ruas e vacinação obrigatória, erradicou as doenças que vitimavam os cariocas e os visitantes da cidade. Em 1908, um século após a chegada da Corte Portuguesa, a cidade passava por um novo renascimento.

 

Rio de Pereira Passos

A Avenida Central (hoje, Rio Branco) vista da Cinelândia, em 1909.

 

Desde então, o Rio deixou de ser o Distrito Federal e o centro econômico do país. A decadência veio seguida do aumento da pobreza e da violência, situação apenas agravada pela recente pandemia. Já é hora de uma nova virada.

O caminho foi aberto já na primeira administração de Eduardo Paes, com as intervenções do Centro da Cidade: a retirada da perimetral, o VLT, a revitalização da Zona Portuária. Agora os jornais anunciam a continuidade do projeto de revitalização, com o incentivo para que o Centro, através de mudanças urbanísticas e tributárias, se torne uma área também residencial.

Esse modelo híbrido é muito comum na Europa e encontrado também em Nova Iorque. Nessas cidades, inclusive, apartamentos na região central e próximos, portanto, dos escritórios, pontos turísticos e centros comerciais, são mais valorizados do que casas e condomínios afastados. Há potencial para algo similar no Rio. Basta planejamento e coragem, como nos tempos de Pereira Passos e Oswaldo Cruz.

Uma nova campanha de vacinação também ajuda.