Escritório Virtual – Boletim Janeiro 2021

Eficácia


Il meglio è l’inimico del bene   Frase do mes

O ótimo é inimigo do bom   

(provérbio italiano)   


 

Enquanto nos despedimos (sem muitas saudades) de 2020, voltamos nossa atenção à chegada da principal arma para derrotar o vírus: as vacinas. No plural. Tem a inglesa, a russa, a chinesa, as norte-americanas. Um cardápio variado para saciar nossa sede de saúde e nossa fome pelo retorno à normalidade. Há, contudo, quem, mesmo faminto, prefira debater a qualidade dos pratos postos à mesa.

Nem me refiro aos que, perfilando-se ao movimento antivacina, se alimentam de desvarios vários sobre conspirações internacionais e transmutações reptilianas. A esses só nos cabe ignorar. Falo da discussão sobre a eficácia das diferentes vacinas e utilidade de usar aquelas cuja resposta imunológica se mostre inferior.

Trata-se de uma dúvida razoável e, para aqueles que desejam uma explicação rápida e clara, recomendo o artigo da Dra. Natalia Pasternak. Em resumo: vale, sim, a pena usar qualquer vacina aprovada (isto é, segura e eficaz), mesmo que o grau de eficácia varie.

Primeiro, porque não há vacinas para todos agora. A vacinação de toda a população mundial levará meses, talvez mais de um ano. Usando nossa metáfora culinária: não há como saciar todos com um só prato. Portanto, 100 pessoas que recebam uma vacina com 50% de eficácia ainda estarão mais protegidas do que 100 pessoas que não recebam vacina nenhuma.

Segundo, há efeitos secundários benéficos: uma pessoa vacinada pode desenvolver a doença, mas em uma forma mais branda (aí sim, transformando-a em uma “gripezinha”). Algumas vacinas também podem reduzir o número de assintomáticos, evitando a transmissão inadvertida do vírus por pessoas que não sabem que são portadoras.

Em ambos os casos, estaremos reduzindo hospitalizações e mortes. Não se trata, portanto, um campeonato de vacinas, mas de um esforço conjunto que será mais bem sucedido se unirmos todos os recursos disponíveis. Como nos lembra o aforismo italiano, não vale a pena esperar pelo ótimo quando o bom já é suficiente.