Escritório Virtual – Boletim Julho 2021

Tomando decisões

 

Ockham


Pluralitas non est ponenda sine neccesitate.

Pluralidades não devem ser postas sem necessidade.

                   (Guilherme de Ockham)


 

Tomar decisões é uma das (várias) características humanas que, se supõe, não são compartilhadas com outros animais. Isso não significa afirmar que um antílope, ao perceber o leopardo muito próximo, não seja capaz de decidir pela fuga. Ou que ratos não possam ser treinados em laboratório a rejeitar a alavanca que lhes dá choque por aquela que repõe a ração. Tais ações seriam, todavia, fruto de simples instinto ou de reflexos desenvolvidos pela experiência. Já o ser humano teria a habilidade de antecipar as várias implicações de uma decisão e, como fazem os jogadores de xadrez, optar pelo movimento que maximiza suas chances futuras de felicidade.

Tomada de decisão

Tomadas de decisão podem ser triviais ou extremamente complexas.

 

A lógica da tomada de decisões gerenciais não é muito diferente daquela que usamos ao escolher se saímos da cama mais cedo para nos exercitar, exceto pelo fato de que as alternativas iniciais podem ser tantas e tão incertas que tornam complexa a avaliação dos cenários possíveis.

Quando a explosão combinatória ameaça tornar a tomada de decisão digna de um Kasparov diante do tabuleiro quadriculado, há quem recomende doses maciças de informaticina. Não que a Inteligência Artificial e o Big Data não tenham seu lugar no mundo corporativo: nem toda a empresa, contudo, pode investir tempo e recursos nessas sofisticadas soluções tecnológicas.

Assim, antes de desbravar a copa emaranhada da primeira árvore de decisões que surgir, que tal simplificá-la, podando alguns ramos?

Séculos atrás, quando a Europa ainda adaptava o xadrez atual a partir de um similar árabe, Guilherme de Ockham propôs que a melhor forma de obter conhecimento era confiar na experiência e reduzir a quantidade de premissas. A natureza, ele defendia, é econômica em sua concepção e, havendo diversas teorias com a mesma conclusão, a mais simples será a verdadeira.

A navalha de Ockham, como o princípio ficou conhecido, elimina suposições desnecessárias na tomada de decisão. Para quem avalia estabelecer um novo negócio, por exemplo, contratar um serviço de endereço comercial, com atendimento telefônico e salas mobiliadas, elimina várias alternativas de resultado mais incerto, principalmente em cenários de maior risco, como crises sanitárias e econômicas.

Desde usar uma máscara durante uma epidemia a contratar um escritório virtual, as ideias de Ockham seguem úteis e atuais. “Keep it simple!” dizem hoje os projetistas e administradores. Nem sempre tomar decisões precisa ser algo complicado.