Escritório Virtual – Boletim Setembro 2024
As Olimpíadas das mulheres
A desigualdade de gênero é um problema que atravessa a história da humanidade. Desde a antiguidade foram raros os momentos em que mulheres dispuseram dos mesmos direitos que os homens. E não tem sido diferente na prática de esportes: nos jogos olímpicos originais, criados na Grécia Antiga, as mulheres eram proibidas não só de competir, mas até mesmo de assistir aos jogos. A fiscalização contra a presença feminina nas provas não era difícil, pois os atletas competiam nus.
Chamou a atenção, portanto, a notícia de que os Jogos Olímpicos de Paris-2024 seriam os primeiros da história a ter metade dos atletas de cada gênero. Um avanço se lembrarmos que, há exatamente um século – nos Jogos de Paris-1924 – menos de 5% dos atletas eram mulheres.
Já durante as competições, várias mulheres assumiram o protagonismo. A Austrália celebrou os 3 ouros na canoagem das irmãs Jessica (2) e Noemi Fox (1), os 3 ouros da nadadora Mollie O’Callaghan (que ainda levou mais 1 prata e um bronze) e também o ouro no skate da jovem Arisa Trew, de apenas 12 anos. No total, as australianas garantiram 13 das 18 medalhas de ouro do país nos jogos de Paris.
Com os EUA não foi diferente: se a delegação norte-americana já tinha uma maioria de mulheres, o mesmo se refletiu no quadro de medalhas: dos 40 ouros, 26 foram de mulheres, responsáveis por 57% das 126 medalhas conquistadas pelo país. Destaque para a nadadora Katie Ledecky que, com 2 ouros, 1 prata e 1 bronze, chegou a 14 medalhas olímpicas, 9 das quais douradas. E, claro, Simone Biles que, com 3 ouros e 1 prata, atingiu 11 medalhas na carreira, tornando-se a maior medalhista da ginástica norte-americana.
E, já que falamos em ginástica, é hora de celebrar Rebeca Andrade: 1 ouro, 2 pratas e 1 bronze em Paris a tornaram a maior medalhista brasileira não apenas nesses jogos, mas em toda a história olímpica do país. Rebeca liderou os resultados de uma delegação, como a dos EUA, majoritariamente feminina. E os resultados não deixam dúvidas: nas três vezes em que o hino nacional foi ouvido em Paris, eram brasileiras que ocupavam o lugar mais alto do pódio.
Poderia me estender, lembrando que Rebeca, Beatriz Souza (ouro no Judô) e Ana Patrícia (que, com Duda Lisboa, venceu o Vôlei de Praia) são atletas negras, mas fica para outro momento.
E não nos esqueçamos das pratas de Tatiana Weston-Webb (Surfe) e do futebol feminino, e dos bronzes de Larissa Pimenta (Judô), Rayssa Leal (Skate), Bia Ferreira (Boxe), das equipes femininas de ginástica artística e vôlei, e de Rafaela Silva e Ketleyn Quadros que, com Beatriz e Larissa, foram as representantes femininas na equipe mista do Judô.
Que o sucesso de nossas atletas olímpicas se estenda para todas as profissionais e empreendedoras do Brasil.